27 de setembro de 2007

passa e fica

depois de tanto
passo dado,
- parou em quanto -
meu passado?

parou em tanto
ou mal passado?
passou o passo
em passos largos

perdeu o passo,
ensimesmado,
desacalmado
descompassado?

passou. (e passa.)
na altura
do se[r]u tempo,
na infinitude [espaço]

eu passo.

22 de setembro de 2007

gritaria

pai, mãe
venham, apiedem-se de mim
minha pobre mente - dói -
meu coração - quebrou-se -
meu corpo há de salvar-se

o inferno é um estar em mim...

mande-me um padre,
mande-me alguém, aqui, agora
quero que rezem por mim

mande rezadeiras, curandeiros, doutores
mande-os virem até aqui
imploro - me curem

curem minha mente,
meu coração,
curem minha vida...

numa manhã de maio,
eu a vi
pequena moça

enrolada num linho branco
eras tu,
nada mais além de tu.
nada mais além da chaga

eis a dor
ei-la a praga
enrolada num pano
embebida em rancor...

18 de setembro de 2007

poemeu

sou muito distraído não.
sou um distraído só.
e até hoje me pergunto:
quando vou ser um distraído junto?

13 de setembro de 2007

brilha, linda
sempre assim
invade meu mundo
me tira do foco
me muda
eu mudo

calei-me.

enche meus olhos
lágrimas neles
ver-te assim, linda minha
e nem minha és
e nem minha és...

porque eu preciso sim
de todo o cuidado
preciso de ti,
e de tudo que há em você

mostra-te a mim
seja minha?
diz que sim,
porque eu
eu quero ser teu.

(11.2006)

7 de setembro de 2007

com rosas e folhas


com rosas e folhas no
meu coração direito
sete cores no meu peito-mar

distância onde jaz
meu coração [só não aos que acreditam nele]
tanto que sua
boca nem pronuncia
nem um prenuncio
da dor, o fim da cor

deixou ["- que morra !]
dentro de você
sairei da sua mente
desesperadamente
como sairei [da sua frente?]

esquecerei do vento
do toque, do íssimo toque
da ultima carícia,
o ultimo balbuciar,

papéis, cada dia mais,[vale(ra)m de que?]
obsoletos,
cada dia mais
inuteis ao
tentar me alcançar

sozinho, sozinho, sou eu
[silencioso e branco como a bruma]
e você

sozinho e tão falso...

4 de setembro de 2007

soprar

dança em sincronia
é o bailar das folhas
que caem com o vento
que balança as madeixas
da menina

e do ciclico passante,
sentindo o vento

que do sopro fez ponte
ligando pensamento
- e o vento -
com toda beleza

daqui ao horizonte

e o vento pára.

num grito, premente,
o grito
pergunta:
- que sentes?

- o problema, grito,
é o que me deixei
não sentir...

Não é o grito
A medida do abismo?

1 de setembro de 2007

verde-escuro

num lamear escuro
eu caminho
por entre suas paisagens

...


partes quebradas[de mim]

me visitam ao falar falo [à mim]

sentir, [só porque]
não é estar [não significa]

sempre
tem

uma sereia

te chamando À p'ro
fundEzaa a a aa a a aas....

pastando pra longe dessas pedras

somos desastres [sentir não signifi-

pessoas [profundezas.... só porque você

que andam [-ca que está lá]

sente?-]

LÁ! [porque tão solit-

lÁ! [ário e distânte e--

Lá! [verde?

lá.....[po..r...q..u...e] [acho que os céus

[te mandaram aqui]

somos contratempos acidentais

prontos para acontecer [coincidentemente]

apenas, acidentes à espera....

-
*inspiração de "there there, do radiohead"