28 de novembro de 2007

me faz bem

transformarei esse perfume
em pétalas de rosa
e colocarei o nome dela

pr'eu ver meu amor
vagar silencioso
e parar na sua janela

vou guardar num relicário
todas as poesias de amor
que cabem no incabível,
exprimem-se inexprimíveis

o sublime e mais lindo valor
guardarei na pétala de rosa
seu nome e todo amor [nosso]

por mais batido que seja
por mais bem dito que seja
por mais tão dito que seja
são seus.



[e é seu]

24 de novembro de 2007

sobre as formigas

veja você o trabalho
cansativo e tedioso
da pequena formiga:

bichinho tão insignificante,
de uma só não faz nada
de muitos, parece gigante

levou meus doces todos,
a barriga e as perninhas
da barata [marque a luta
desvairada que tiveram]

carrega tudo nas costas,
a formiga - não reclama
de nada - trabalha
que nem sente

morre com uma piscada
aliás, um dedo as mata

mas se em volume...
carregar-me-ão as unhas
e as patas!

20 de novembro de 2007

sempiterno

somos, eu e você,
parcelas de um
infinito distante,

brilhando,
crescendo,
pulsando

"dentro da eternidade,

e a cada instante"

nao declamo meu amor pelos
tempos que passaram,
tampouco pelos que passarão,
clamo pelo que sinto hoje,

que dura o tempo exato
do instante infinito
que não cabe só
no meu coração...

15 de novembro de 2007

Beleza, beleza, beleza:
é o balsamo de perfeição
no coração humano

nesse peito tão imperfeito
ainda reside a pureza
que se entrega
ao olhar desvairado
ao amor sublime,

perpassando seu invólucro externo
e dominando tudo que te há
aí dentro!

não é uma forma externa
de admiração, a beleza:
é algo mais sutil,
mais fugir-aos-nossos-olhos,
mais fugaz, encantador

que domina o coração de todos
que de ti sentem teu olor...

(10.2007)

13 de novembro de 2007

verso sem poesia

hoje pensei em escrever poesia
pensei, em colocar aqui qualquer
coisa sobre o amor, sobre o a noite
sobre o dia, os amores de João e
Maria, os tormentos e as dores

de se saber parte
integrante da poesia

mas não. Hoje ficarei calado,
deixa que dentro de ti
a poesia cairá como uma
gota de orvalho
perdida no caderno
de manhã cedo

invadirá seu coração e
aquietará seu espírito
e todo resto será essência
essência sua, poesia tua
explode no peito teu,
viva.

11 de novembro de 2007

que mais - no silêncio - queres que eu faça?...

que mais - no silêncio -
queres que eu faça?
resguardo-me, silêncio.
silEncia.

grita pra si, sim, pra você mesmo
pra ti, grita pra dentro e explode
o que tem de emoção numa
implosão que desmorona teu sentimento

teu corpo interno

teu corpo interno não é mais teu
é uma mistura do que seríamos
ou ser-v-amos tu e eu
uma amálgama, uma mágoa, uma nódoa
que se sabe sentida, não se sabe quando
nem onde, coroai meus [e seus] erros

coroemos então, corremos e
cuidemos de toda essa excessividade
toda essa promiscuidade que se transformou
essa seu ser interno,
esse dragão que não vê a luz
que mora dentro de você e grita
que mora dentro de você e chora
que mora dentro de você e ri,
ri de você, de estar aí dentro

de saber-se unicamente superior a
sua força, ao seu ser,
que te faz enxergar a enchente,
a inundação, essa que te invade e
cisma em exceder-se em lágrimas
saindo pelo buraco dos seus olhos
já tão marcados e machucados

já tão inundados.

7 de novembro de 2007

"que não, não é nada"

certos amores passam e vão em mim
silenciosamente, quietos, calados
certos amores doem no meu peito
como se existissem há anos
sem existirem.

meu coração oculta seus amores,
sim, meu coração aquieta dentro de si
todos os amores que sente, não por
medo de sentir dor,
mas pelo querer, esse querer incessante

exacerbado, dolorido
esse querer-amor, cair em paixão,
que esse choro abafado, escondido
doído, egoísta, de querer
sentir-se agraciado por um amor
que pode nem acontecer...

e essa mania de chorar
que invade o peito
quando vem o amor
chorar quietinho, sem ninguém saber
só te faz ter mais certeza

que é preciso acabar com essa tristeza
é preciso inventar denovo o amor

4 de novembro de 2007

SO-r-riso

e vi teu riso, só
na tua face
à descerrar-se

é um deleite à mim
tê-lo por perto
sempre juntinho,

que sempre terei
teu riso em mim
[mesmo] sozinho.

2 de novembro de 2007

o que é?

Feio?
Ver sangue nos jornais,
Pais chorando por uma bala perdida
no coração de um filho seu achada

Feio?
A precocidade exagerada
A privacidade escancarada
Uma vida vazia e sem propósitos

Feio?
É ver motivos banais
Ver inocentes calados
Culpados em sua impunível risada

Feio mesmo?
É ver que mesmo depois de tudo
Muitos aceitam.
calados.

É a vida que segue, condescendentemente.